sábado, 1 de agosto de 2009

SEMANA 5 - FEBRE - CAPÍTULO 4




Antitérmicos e outras condutas

Os antitérmicos mais usados são o ácido acetilsalicílico (AAS), o
paracetamol (acetominofeno), a dipirona e o ibuprofeno.
A dipirona, que durante décadas foi o antitérmico/
analgésico mais utilizado em nosso meio, foi retirado do
mercado nos Estados Unidos, pelo risco de toxicidade
na medula óssea, com base em pesquisa cuja metodologia
é considerada hoje, no mínimo, questionável,
e que não foi confirmada em estudo mais recente.
O ácido acetilsalicílico, que foi o substituto da dipirona
nesse período, foi responsável, nos Estados Unidos, por um
grande número de gravíssimas intoxicações acidentais, fato
que estimulou a legislação sobre embalagens que não
podem ser manipuladas pelas crianças. Posteriormente, o
AAS foi associado (também em bases epidemiológicas)
com a Síndrome de Reye (doença que compromete o fígado e cérebro da criança, cuja própria existência é hoje questionada. O que é inquestionável é o alto risco de
hemorragia digestiva com o uso de AAS.
O acetominofeno, que foi o substituto da dipirona e
AAS, em doses habituais, apresenta baixa toxicidade e
ocasiona reações alérgicas em freqüência bem menor do
que os anteriores. No entanto, pode provocar intoxicação
hepática, inclusive em doses apenas um pouco maiores do
que as recomendadas e se usados por mais de 5 dias consecutivos.
Mais recentemente, o ibuprofeno foi aprovado.
Uma vantagem é a duração mais prolongada do efeito
antitérmico. Gastrites, inclusive hemorrágicas, podem ser a
conseqüência do uso a longo prazo (pouco freqüentes nas
crianças); reações de hipersensibilidade não são raras.
Outro aspecto a ser considerado é a possibilidade do uso de
doses incorretas, que, não raro, chegam a níveis de causar
toxicidade.

Outras condutas e observações:
. Utilizar roupas leves, manter o ambiente ventilado; nas
horas mais agradáveis do dia, a criança pode ficar ao ar
livre, sem exposição direta ao sol. Evite corrente de ar.
. Oferecer líquidos com freqüência e de acordo com a
preferência (água, chás, sucos, água de coco, refrigerante).
. A redução do apetite é inevitável, e a criança deve ser alimentada com aquilo que ela aceita e tolera melhor.
. A febre moderada estimula os mecanismos
de defesa contra a infecção, e por isso não há necessidade
nem vantagem de normalizar inteiramente a
temperatura, ou seja, se a temperatura axilar ficar abaixo de 38ºc, já é um bom ganho.
. O objetivo do antitérmico é
apenas aliviar o desconforto causado pela febre, e deve
ser usado apenas nos momentos em que ela está ocasionando
indisposição acentuada, sem horário prefixado,
mas respeitando o intervalo mínimo de cada medicamento.
. Evitar tomadas freqüentes da temperatura (isto traz incômodo desnecessário à criança),
reservando-a para momentos de grande abatimento,
tremores de frio ou se a criança parecer excessivamente
“quentinha”. O ideal é medir de 3/3 hs durante o dia, e de 4/4 hs durante a noite.
. Avaliar o antitérmico mais facilmente disponível e
individualizar segundo a preferência, disponibilidade,
aceitação, tolerância e eficácia habitual dos antitérmicos
usuais (acetominofeno, dipirona ou ibuprofeno). Em bebês até 6 meses usamos geralmente o acetominofeno. A partir de 6 meses geralmente usamos a dipirona em soluções adocicadas para testarmos a aceitação pelas crianças, pois é tido como o mais eficaz antitérmico. Temos optado pelo ibuprofeno quando a febre é mais persistente.
. O benefício do banho de imersão e das compressas mornas é limitado; o uso de água
fria e a adição de álcool são contra-indicados ( o álcool pode ser absorvido pela pele e causar toxicidade sistêmica ). Banho e compressas são
aceitáveis, quando isso for do agrado da criança e não
trouxer transtornos para a família. O ideal é que se use esses meios só após 1 hora do antitérmico, pois é necessário que a criança transpire neste período
. Sinais de alerta: febre acima de 39,4 ºC com tremores de frio, abatimento acentuado
ou forte indisposição (sonolência e irritabilidade, choro
inconsolável ou choramingas, gemência) que não melhoram
após o efeito da dose de antitérmico; aparecimento
de sintomas diferentes; febre que ultrapassa três
dias completos. Procure o pediatra imediatamente nesses casos.

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