terça-feira, 11 de agosto de 2009

SEMANA 7 - SEMANA NACIONAL DA FAMÍLIA - CAPÍTULO 1


Dentre os diversos valores humanos na família, gostaria de iniciar esta semana abordando o amor, a solidariedade e o respeito diante de um assunto desconfortante e não menos importante: a criança perante questões sobre a vida e a morte.
Quando os filhos questionam seus pais, ou quando acontece uma morte na família, algumas perguntas costumam vir à tona.
Desde pequena as crianças têm consciência da existência da morte, embora essa consciência possa não ser identificada pelos adultos, pois é expressa com os recursos disponíveis pelas crianças.
Por volta dos 4 anos de idade, muitas crianças fazem perguntas sobre a morte aos seus pais.
Até aproximadamente os 6 anos de idade, as crianças se angustiam com o tema da morte, pois é a idade da vinculação, de se ter consciência da possibilidade da perda de uma pessoa amada, e de se ter os vínculos rompidos. Nem sempre elas falam de morte, mas podem representá-la lúdica ou graficamente. Quando verbalizam, o fazem com naturalidade, e, depois de obter a resposta que buscavam, continuarão com seu almoço, seus jogos, ou seu filme. Nós, os adultos, é que nos angustiamos. A tarefa de falar sobre isto é facilitada quando o assunto é tratado com o máximo de naturalidade, através da valorização da vida.
Além das crenças religiosas que cada família deve transmitir, existem verdades, compartilhadas com todos, e que não podem deixar de dizê-las.

Explicando o significado da morte
Morrer é terminar de viver. As explicações como “se foi”, “está no céu”, ou “desapareceu”, “o perdemos”, não são tranquilizantes se não se explica claramente que na verdade se trata do final de uma vida.

Explicando quando a morte acontece e em que situações
Não devemos enganá-las dizendo: “quando a gente estiver velhinho”. Sabemos que, lamentavelmente não é sempre assim: bebês morrem, crianças, jovens, adultos e velhos. Morremos quando a vida acaba. Tudo o que nasce, morre.
Mostrar às crianças que nem os adultos sabem o momento de cada um, nem como ocorrerá e nem o que existe após a morte é importante para elas ficarem menos confusas. Os pequeninos precisam saber que o corpo sem vida fica no cemitério, onde se localizam as tumbas e no lugar está escrito o nome, sobrenome, data de nascimento e de falecimento , e que lá podemos visitar os entes queridos que morrem.
Orientando como podemos aceitar melhor a perda
Poupar as crianças do sofrimento causado pela morte pode gerar dificuldade de lidar com perdas, o que significa problemas e sofrimento ao longo de sua vida. Não devemos subjugar as crianças como se não estivessem compreendendo o que esta acontecendo. Usar termos para explicar a morte como “ele está dormindo” pode gerar pensamentos confusos na criança, acreditando que a pessoa acordará.
Omitir-lhe a verdade seria algo grave, seria como ignorá-la só porque ela não fala como os adultos, como excluí-la da família, e pior ainda, se as pessoas mais próximas em que ela deposita toda sua confiança não forem capazes de falar sinceramente sobre a morte, ela tomará isso como um modelo a seguir e nem ousará perguntar à respeito daquilo que sua percepção lhe diz.
Alguns parentes falarão da alma (devemos tomar cuidado com as expressões afim de que a criança não a busque em um lugar físico e concreto, temendo sua aparição). Outra maneira de respondê-las poderia ser: “ficam as fotos, as recordações, tudo o que nós e aqueles que o conheceram, vivenciamos com ele, ficam as imagens dos momentos compartilhados junto a ele e fica a marca que deixou em nossas vidas”.
Se a criança estiver bem amparada, terá mais chances de elaborar da forma mais sadia possível o momento do luto. Estar perto, falar a respeito e ouvir, já é positivo.

Outros aspecto importantes
Cada criança, frente à morte, poderá agir de forma diferente, por exemplo: chorar, rir, ficar apática ou simplesmente negar, como se não existisse morte alguma. São mecanismos de defesa contra o sofrimento que o desenlace está causando. Devemos respeitar, no mínimo, a maneira que as crianças encontram para superar o momento da morte.
Quando as crianças não fazem perguntas sobre a morte de um ser querido, pode também significar que as mesmas percebem que formular este tipo de questionamentos provocaria angústia e incômodo nos adultos
.

Nota: esta postagem foi em homenagem ao querido cirurgião plástico Dr José de Oliveira Barra e à sua família maravilhosa.